Durante os últimos eventos na universidade relacionados a defesa da democracia na PUC SP, foram percebidas algumas problemáticas na comunidade puquiana. As mais nítidas foram a despolitização dos estudantes que não aderiam o movimento, não por discordarem mas por não terem uma opinião, e a leviandade de alguns estudantes “engajados” com o movimento.
A grande mídia relatou os acontecimentos na PUC, no entanto, o seu enfoque mostrava uma universidade unida e com números altíssimos de pessoas participando das ações, números que não condiziam com a realidade. A verdade é que internamente alunos e professores conflitaram sobre a nomeação da reitoria. De um lado os grevistas alegam que a democracia na PUC foi ferida, do outro lado os antigrevistas argumentavam que nunca houve democracia na PUC e que a postura adotada pelo cardeal era legal pelo estatuto da universidade. O mais preocupante desse debate, é o fato de que a maioria dos alunos não aderiram nenhum dos lados, apenas prosseguiram com suas atividades acadêmicas ou férias, sem desenvolver nenhuma opinião sobre isso. E ainda mais preocupante é que entre os que tiveram uma opinião, independente qual, não a desenvolveram sozinhos, mas reproduziram a dos outros sem reflexão e conhecimento dos fatos. Como estudantes de jornalismo, não podemos ser tão levianos. Devemos pesquisar, apurar, desconstruir e construir nossas opiniões.
Talvez os valores democráticos da PUC não tenham sido feridos quando o cardeal nomeou a 3ª colocada na eleição para reitor, mas há anos quando ao assumir o papel de gestora da universidade a Fundação São Paulo aumentou as mensalidades, cortou bolsas de estudo e demitiu professores. Dessa forma, o corpo acadêmico perdeu talentos e deixou de atrair alunos que buscam a qualidade de um diploma, mas trouxe alunos que buscam a marca PUC somada a facilidade de ingresso, uma vez que não é o vestibular que seleciona os alunos, mas a condição financeira para pagar a mensalidade. Isto empobrece as idéias, limita o diálogo e prejudica a construção de conhecimento que a universidade se propõe. Vale ressaltar que ser envolvido politicamente não é sinônimo de engajamento político. E que algumas pessoas podem ser mais engajadas se posicionando de forma neutra do que radicalizando ideologias que pregam de forma leviana.