segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Democracia na PUC


Durante os últimos eventos na universidade relacionados a defesa da democracia na PUC SP, foram percebidas algumas problemáticas na comunidade puquiana. As mais nítidas foram a despolitização dos estudantes que não aderiam o movimento, não por discordarem mas por não terem uma opinião, e a leviandade de alguns estudantes “engajados” com o movimento.
A grande mídia relatou os acontecimentos na PUC, no entanto, o seu enfoque mostrava uma universidade unida e com números altíssimos de pessoas participando das ações, números que não condiziam com a realidade. A verdade é que internamente alunos e professores conflitaram sobre a nomeação da reitoria. De um lado os grevistas alegam que a democracia na PUC foi ferida, do outro lado os antigrevistas argumentavam que nunca houve democracia na PUC e que a postura adotada pelo cardeal era legal pelo estatuto da universidade. O mais preocupante desse debate, é o fato de que a maioria dos alunos não aderiram nenhum dos lados, apenas prosseguiram com suas atividades acadêmicas ou férias, sem desenvolver nenhuma opinião sobre isso. E ainda mais preocupante é que entre os que tiveram uma opinião, independente qual, não a desenvolveram sozinhos, mas reproduziram a dos outros sem reflexão e conhecimento dos fatos. Como estudantes de jornalismo, não podemos ser tão levianos. Devemos pesquisar, apurar, desconstruir e construir nossas opiniões.


Talvez os valores democráticos da PUC não tenham sido feridos quando o cardeal nomeou a 3ª colocada na eleição para reitor, mas há anos quando ao assumir o papel de gestora da universidade a Fundação São Paulo aumentou as mensalidades, cortou bolsas de estudo e demitiu professores. Dessa forma, o corpo acadêmico perdeu talentos e deixou de atrair alunos que buscam a qualidade de um diploma, mas trouxe alunos que buscam a marca PUC somada a facilidade de ingresso, uma vez que não é o vestibular que seleciona os alunos, mas a condição financeira para pagar a mensalidade. Isto empobrece as idéias, limita o diálogo e prejudica a construção de conhecimento que a universidade se propõe. Vale ressaltar que ser envolvido politicamente não é sinônimo de engajamento político. E que algumas pessoas podem ser mais engajadas se posicionando de forma neutra do que radicalizando ideologias que pregam de forma leviana.

domingo, 16 de dezembro de 2012

A mídia e seus três pontos de vista


John Thompson, Pierre Bourdieu e Giovanni Sartori, importantes figuras, possuem análises sobre o domínio que a mídia exerce sobre a formação da sociedade moderna. 


O sociólogo Thompson possui uma visão otimista sobre a maipulação da mídia. Para ele, o domínio da mídia é exercido dependendo do que o espectador trás consigo, como suas experiências, nível culturar, escolar e religião. Afirma que que o termo “massa”, de comunicação em massa, é usado exageradamente,  e como cada espectador possui uma interpetação individual, a manipulação não é generalizada.  Thompson relaciona os produtores de conteúdo midiático e os receptores, o processo de consumo de informações pelos receptores é uma atividade que atribui sentido à mídia através da intepretação individual, citada acima. Essa interpretação individual, que consiste em variadas cargas culturais e sociais, faz com que a informação enviada pela mídia não seja interpretada de acordo com a real intenção do produtor, e não a torna generalizada.

O sociólogo frânces Bourdieu acredita que a mídia é manipuladora, seja inconscientemente ou proposital. Para ele, essa manipulação se dá pela “estrutura invisível”.  Essa estrutura se divide em três partes:  jornalística; econômica; e política. Na primeira parte se encontram os jornalistas, as editoras; na segunda, as empresas e seus interesses; e na terceira parte, o estado, suas estruturas e interesses.

Já o cientista político italiano Giovanni Sartori, fez uma enorme crítica à televisão.  Para ele, a televisão tranforma o homem em um idiota. Com a manipulação da mídia, o homem deixa de ser “sapien” e passa a ser “videns”, o homem para de raciocinar para ser visto. Volta a ser irracional, um animal simbólico sem a capacidade que antes possuía de viver em um mundo de homo sapiens. Isso se dá pela cultura audiovisual, que substitui a cultura literária. Essa cultura prejudica a democracia e a natureza do ser, além de aumentar a cultura de massa. Sartori apresenta como o principal problema, as crianças que crescem acompanhando programas educativos, para ele, elas atrofiam o cérebro antes mesmo de treiná-lo. Afirma que a melhor forma de treinar o cérebro, é exercendo o ato da leitura.

Portanto, vemos distintas visões sobre a manipulação que a mídia tem acerca da sociedade. Para um, ela é de certo modo benéfica, aglomerando diferentes formas de conhecimento e culturas . Para outro, ela é manipuladora, seja de propósito ou não. E para o terceiro, ela é maléfica, tornando nós, humanos, em seres incapazes de raciocinar. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Quem decide é o soberano

Tomando por base o texto “Vida nua” escrito por Peter Pál Pelbart, conseguimos entender a relação da vida com a política, e como ambas andam juntas.
Para iniciar a compreensão de biopolítica é necessário estabelecer dois significados: “zoé” (sendo o “simples fato de viver”) e a “bios” (sendo “a forma de viver”). 

Ao longo da história, a vida esteve submetida por uma soberania que a separou das suas diversas formas. Com o aparecimento das técnicas de individualização e o totalitarismo, a vida nua foi se politizando, sendo um evento decisivo da modernidade, segundo Foucault. 
O momento em que a política (soberania) se envolve e toma parte da vida nua (zoé) é que se encontra o significado, biopolítica. Quando a política faz do homem um sujeito político, acontece uma politização da zoé e bios (zoé-bios)

Um exemplo de Estado totalitário e biopolítico é o nazismo, que centralizou um poder sobre a vida e praticou tarefas consideradas políticas em cima da mesma. No caso, os judeus foram excluídos do direito da vida nua, sendo controlados por um poder soberano.
Analisando a biopolítica desde seus primórdios, o filósofo Agamben toma como ponto de partida a figura do homem matável e insacrificável, ou seja, sujeito a morrer , porém, não em razão de um sacrifício, o que o faria morrer com “honra” a um determinado fator. O Homem Sacro pode morrer sem que isso seja considerado um crime, um homicídio ou execução, saindo das regências do Direto Humano (a vida), entretanto, não passando pela esfera do Direito Divino. O direito a vida se faz em contrapartida a um poder que ameaça a vida sacra de morte.
Para entendemos melhor o Homo Sacer e a biopolítica, analisemos os dizeres acerca do Campo de Concentração, segundo Agambem. Para ele, o campo de concentração é onde há algo que, em estado de exceção, é teoricamente inválido, e o homem sem poder recorrer aos seus direitos devido a isso, poderia ser assassinado sem que o fato fosse tomado como um crime, e sem estar sujeito a qualquer tipo de sansão. Em suma, se o Soberano tem o poder de decidir - em estado de exceção- , quem poderia perder sua vida sem que isso fosse considerado um crime, na época do biopolítico esse “poder” de escolher pela vida ou não, tenderia a se emancipar do estado de exceção para vir a tornar-se um poder de decidir a partir de qual momento uma vida deixa de ser politicamente importante ou interessante. Na biopolítica moderna, o Soberano é quem decide qual o valor da vida, ou se ao menos ela possui algum valor.

Em meio a sociedade de consumo e o controle que ela exerce sob o homem, é possível perceber quem é o Soberano na situação. Se você não consome, não estimula seus prazeres humanos, como satisfação e felicidade, resta apenas a vida em estado de Zoé, onde apenas há uma existência, sem fundamento racional ou intelectual, como uma pessoa em estado vegetativo.

Tomando por base essa linha de raciocionio, é como se disséssemos que todos os africanos vivem em questão de Zoé em relação à sociedade de consumo, já que eles não são consumidores assíduos de mercadorias supérfluas, ou ao menos das primordiais, eles não fazem parte do grupo da bios, a forma de vida política. Muitos deles nem ao menos tem um documento de identificação, ou qualquer outro fator que o traga a “vida politizada”. 

Vivemos sob domínio e controle total do consumismo e suas facetas, buscando cada vez mais a felicidade por meio do materialismo. Dessa forma, o Soberano sempre decidirá: a vida de quem vale a pena?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Sociedade Controlada


Foucault pensava que mesmo que o indivíduo sempre siga uma disciplina sem desvios, no fim ele quer ser vigiado para que possa se sentir seguro. Nós, seres humanos, precisamos de alguém no controle, de alguém com um outro patamar hierárquico para nos controlar; essa teoria pode ser vista muito claramente nos dias de hoje.Quem tem um poder maior do que um simples indivíduo, como o governo, possui cada vez mais informações sobre a vida pessoal de cada um e a população presta contas cada vez mais (exemplo: pagamento de impostos). Junto como o direcionado para um molde de como cada um deveria ser dentro da sociedade, não prejudicando o outro e sendo sempre “bonzinho”.


Nos tempos atuais, a sociedade acaba fazendo com que aquilo que é realmente importante seja escondido ou muitas vezes fato é apontado, porém de forma extremamente superficial junto com muitas outras informações. Desse modo, é ocultado pela quantidade de notícia, como por exemplo quando surgiu o julgamento do mensalão. A capa da revista Veja tratava do tema da novela das 9 da Rede Globo, e na maioria das vezes, até o esporte é tratado com mais importância do que a política e a economia do nosso país. Também há a questão da qualidade na educação para a classe que não possui condições financeiras para pagar uma escola/faculdade. Ela é tão baixa que acaba tornando essa parte da população ignorante de tudo por não saber utilizar as informações que são passadas na maior parte da mídias, além de não perceberem que esse controle está sendo exercido sobre eles.

A impressão é de que o sistema implantado pelo governo (liberalismo) é o melhor jeito de controlar a sociedade, porque acaba passando a falsa liberdade, uma vez que todos seguem as leis do governo. Assim, a culpa pela falta de informações e sua situação ruim parece ser exclusivamente do indivíduo, acreditando ainda que tudo melhorará no futuro. Graças às novas tecnologias em todos os ramos da medicina, o governo acaba conhecendo melhor a pessoa do que ele mesmo, como por exemplo no caso do teste vocacional, que mostra aquilo que é melhor para você mesmo sabendo que cada um deveria fazer suas próprias escolhas. 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Marx vs Sociedade Capitalista


Karl Marx foi um importante revolucionário alemão e fundador da doutrina comunista. Sua teoria é uma radical crítica da sociedade capitalista. Para ele, o capitalismo e a burguesia destruíram todas as relações e transformaram tudo em puro interesse financeiro.

No século XIII, com o renascimento urbano e comercial, surgiu na Europa uma nova classe social, que buscava lucro através de atividades comerciais. Essa classe era a burguesia. Os ganhos dos trabalhadores estavam todos relacionados ao dinheiro em circulação, ao lucro, ao acúmulo de riquezas, entre outros.

Hoje em dia, a grande ordem que rege o mundo é o capitalismo. As pessoas trabalham cada vez mais com o propósito de comprar e acumular cada vez mais. O capitalismo manifesta a negatividade tanto da dominação cultural e política, quanto da exploração. E isso se traduz na crescente alienação da população. Segundo Marx, o homem se aliena no processo capitalista de produção, tornando-se apenas uma figura produtiva, sem valor. Ele passa a não ser mais dono de seus instrumentos de trabalho e passa a não possuir mais controle sobre a divisão de trabalho. Além da alienação capitalista, Marx também critica a alienação religiosa. Para ele, o Deus do homem é o próprio homem. Sendo religiosamente alienado, o homem deixa de lutar para melhorar sua condição social, pois acredita que a justificativa da desigualdade do mundo capitalista se dá a Deus. A luta contra essa desigualdade passa a ser deixada de lado.

O regime capitalista é capaz de produzir cada vez mais mercadorias, mas a miséria permanece para a maioria. Já uma sociedade comunista se caracteriza pela justiça e abolição das classes sociais. No primeiro regime, duas classes são as principais: a burguesia, que é a detentora dos meios de produção; e o proletariado, que vende a sua própria força de trabalho.

Portanto, vê se uma clara dominação da burguesia sobre o proletariado, onde o primeiro visa sempre à acumulação de capitais e riquezas, e o segundo é o meio que a burguesia encontra de conseguir o desejado, explorando o proletariado a vender o seu trabalho. E essa é a crítica que Marx faz, para ele não se deve existir um dominador e um dominado, não deve existir diferença social.

Foucault e o poder


         Para Foucault a classe burguesa com o seu domínio, surgido por conta do capitalismo, persuadia a população (alienada) que acabava ficando “escrava” desse poder e ele acreditava também que os intelectuais eram os produtores das "verdades". Foucault possui várias formas de ver o poder, podendo ser visto como, mercadoria; uma teoria baseada na relação de força (sendo repressora) e uma teoria do poder como guerra. Alem de falar que o poder se da de maneira difusa, onde todos participam e não tem poder apenas nas mãos de uma pequena parte da população. 

        Para opensador, a dominação atual não se dá centralizadamente, como na Idade Media, e sim nas relações sociais e recíprocas. Ele entende que os mecanismos de dominação exercem controle sobre o corpo, consequentemente tendo relações de poder. Identificando assim o poder do corpo e o poder sobre o corpo,vendo o corpo como fornecedor de lucro e de grande produtividade.
      
     Para ele, a escola, a prisão e o hospital são instituições que capturam o individuo e não permitem a interação social ou familiar, apesar de ao longo dos anos houve uma transformação que foi a retirada de castigos físicos nesse local para a implantação de meios mais suaves que permitem que o individuo não destrua os seus recursos vitais tornando essas pessoas mais produtivas para a sociedade.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Hobbes, Locke e Rousseau, no que diz respeito à concepção de natureza humana, liberdade e propriedade privada


A princípio, tracemos o perfil do homem natural na visão desses pensadores políticos.  Começando por Thomas Hobbes, o homem é genuinamente dominado por desejos e paixões, egoísta, igual, autocentrado e insociável, segundo ele, necessita-se de contato social para que haja o que chamamos de sociabilidade. Para Rousseau, todos são bons por natureza e corrompidos pela sociedade, “o homem nasce livre, mas por toda a parte encontra-se acorrentado” e que a liberdade também é importante. Já Locke, acredita que somos livres, iguais e racionais e defende, em estado de natureza, a irregularidade na defesa.
Tratando-se de liberdade, temos visões parecidas em certas circunstâncias, Locke diz ser o cidadão livre para agir desde que não prejudique a outro, e aponta isso como de extrema importância e Hobbes, seguindo uma mesma linha de raciocínio à favor ilimitado da liberdade, sugere que sejamos livres incondicionalmente para que preservemos a nossa própria vida. De acordo com o, autor a liberdade é um valor retórico. Rousseau, por sua vez, acredita que a liberdade natural não existe, sendo assim, impossibilita a oportunidade de legitimar uma possível liberdade civil, e que sua servidão à sociedade é dita como voluntária. Somos livres quando cumprimos a lei que nos demos e que esta deve justificar-se diante da razão, o homem racional emancipado é todo aquele que é livre e igual. Segundo ele, o homem não obedece a lei, mas aos próprios instintos de natureza humana.
A contrariedade de pensamentos faz-se a partir do momento em que se trata de propriedade privada. Na concepção de John Locke, a propriedade é o bem maior de um indivíduo, que por sua vez precede a sociedade, e esta propriedade ilimitada nada mais é do que o dinheiro. O trabalho seria então o fundamento que originou a propriedade particular. A propriedade corresponde então à vida, liberdade e bens de um homem. Enquanto isso, Rousseau diz ser a propriedade privada a causadora de todos os males, já que dela partiria a origem de toda a desigualdade. Thomas Hobbes também defende em sua teoria a propriedade privada, contudo essa propriedade seria subordinada aos interesses do soberano instituído de poder absoluto, visto que este deveria zelar pela paz e, se dispor de uma propriedade que favorecesse esse intento, para que fosse válida essa atitude.